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Fracasso dos Millennials

Updated: Nov 30, 2022



A geração millennial aparece recorrentemente analisada em artigos na internet e, sendo bem realista, não tem devido a sua fama às melhores razões. Qualquer pessoa nascida entre 1981 e 1996 é considerada millennial, e qualquer pessoa nascida a partir de 1997 faz parte de uma nova geração, a geração Z. Iremos concentrar-nos hoje na geração Millennial por ser também esta a que, mais frequentemente, procura os nossos serviços de Psicologia (o que poderá ser indicativo de alguns fatores).Vamos pensar por um momento no porquê desta divisão de gerações - alguma utilidade deverá ter, certo?


“Os coortes geracionais dão aos investigadores uma ferramenta para analisar as mudanças de pontos de vista ao longo do tempo. Podem fornecer uma forma de compreender de que forma diferentes experiências formativas (tais como eventos mundiais e mudanças tecnológicas, económicas e sociais) interagem com o ciclo de vida e o processo de envelhecimento para moldar as opiniões das pessoas sobre o mundo.


Embora os adultos mais jovens e mais velhos possam diferir nas suas opiniões num dado momento, as coortes geracionais permitem aos investigadores examinar de que forma os adultos mais velhos de hoje, se sentiam sobre um determinado assunto quando eles próprios eram jovens, bem como descrever como a trajetória das opiniões pode diferir ao longo das gerações.“, de acordo com Jason Dorsey, especialista em perfis de millennials e presidente da empresa americana Center for Generational Kinetics, focada na pesquisa de hábitos globais de millennials e da geração Z.A geração Millennial.


Estando agora mais esclarecidos quanto ao motivo pelo qual se atribuem nomes a diferentes gerações, vamos observar o que é dito acerca desta geração.

Uma pesquisa rápida na internet rapidamente me trouxe títulos como “A geração deprimida”, “O que aconteceu de errado com os millennials?“, “Inseguros e viciados em trabalho”. Fala-se da “preguiça”, “fracasso” e dependência prolongada dos pais. Fala-se de grandes expectativas em relação a estes jovens e de, aparentemente, eles não terem atingido o que era esperado deles. Fala-se de estarem muito focados neles mesmos; de serem mais propensos a ter dívidas e levarem mais tempo, em média, para atingir marcos tradicionais da vida adulta, como comprar um imóvel ou carro próprio.


Era esperado muito deles. São vistos como os primeiros a quem lhes foram dadas todas as oportunidades, foram “mimados”, tiveram a vida facilitada, de alguma forma. E, no entanto, não souberam aproveitar essas potencialidades. “A primeira geração a conviver desde cedo com computadores pessoais, smartphones, internet e o fluxo global de informação tinha grandes expectativas sobre si própria: com mais anos de educação em relação aos seus pais e de composição mais socialmente diversa, os millennials sonhavam com mais prosperidade e impacto global.” - refere Jason Dorsey.Compreensão por detrás da crítica.


A resposta de muitos investigadores é, antes de mais nada, a de que a culpa não é exatamente dos millennials: é, primordialmente, da situação da economia. A geração millenial tornou-se adulta nos primórdios dos smartphones e da conectividade. “O seus pais disseram-lhes que seriam bem-sucedidos - eles tiveram amplo acesso a educação, em comparação com gerações anteriores, e havia um grande sentido de conexão e de causar impacto.”


Mas esta geração deparou-se com grandes recessões, como a que se arrastou pelo mundo após a crise financeira de 2008.


“De muitas formas, os millennials estavam posicionados a ser muito bem-sucedidos. E a realidade é que se depararam com demissões em massa, inflação, estagnação salarial, aumento no custo de vida”, prossegue Dorsey.Eles tiveram um “arranque lento”.

Os millennials levarão as cicatrizes económicas disso para o resto das suas vidas, traduzidas em rendimentos salariais mais baixos, menor prosperidade e marcos de vida adiados, como a aquisição de casas. “Os millennials tiveram mais consciência dos eventos globais porque o fluxo de informação e a interconexão fizeram com que um evento que não fosse necessariamente global, acabasse por se tornar global. Eventos como guerras mundiais e crises bancárias nacionais acabam por ter um efeito muito grande e disseminam-se pelo mundo. Isto é muito significativo.


As implicações de crescer num ambiente tecnológico “sempre ligado” só agora estão a ser foco de investigação. Estudos recentes mostraram mudanças dramáticas nos comportamentos, atitudes e estilos de vida dos jovens - tanto positivos como preocupantes.Pontos positivos - aprendizagens civilizacionais importantes

Valorizam o reconhecimento profissional.


Os millennials foram incentivados desde a infância a ser ambiciosos e a procurarem por novas oportunidades académicas e profissionais.

Por isso, mesmo estando em início da carreira, pessoas da geração Y costumam já colecionar uma bagagem de experiências e conhecimentos adquiridos em cursos, especializações e outros projetos antes mesmo de entrar no mercado de trabalho.


Outro ponto importante é que costumam ser profissionais com visão analítica, desejam feedbacks regulares e gostam quando recebem elogios ou até mesmo críticas construtivas.

O reconhecimento da liderança e de colegas de equipa faz com que se sintam valorizados. Por esse motivo, estão dispostos a trabalhar pela empresa para levá-la aos patamares mais altos de prosperidade — desde que se identifiquem com os seus valores (uma diferença clara em relação a gerações anteriores). São flexíveis e curiosos.


A geração millennial é marcada pela adaptabilidade a novos espaços e a constante procura por mais. Sabem reconhecer as melhores oportunidades para si e não hesitam em mudar de emprego caso não se sintam reconhecidos, valorizados ou não percebam possibilidade de ascensão na carreira.

Por serem mais imediatistas, estes jovens tem um grande sentido de urgência e querem ser a mudança. Então, não tente ganhá-los com planos de carreira a longo prazo: o grande foco deles está em qual será o próximo desafio.Desejam viver novas experiências e transformar a sociedade.


Os millennials têm sede de viver experiências novas, conectar-se com causas sociais, zelar pelo meio ambiente e ser fiéis aos seus propósitos e valores. Interagem muito bem com a tecnologia. Têm vontade de aprender sempre mais, principalmente quando falamos de tecnologia. São apaixonados por mudanças e desejam expressar-se no mundo, usando o mundo online para se conectarem.Priorizam a vida pessoal.


Embora sejam ambiciosos e focados no sucesso profissional, os millennials não estão dispostos a sacrificar a sua vida pessoal para obter uma carreira de sucesso, pois acreditam ser possível conciliar as duas coisas. Afinal, dedicam-se ao máximo ao trabalho e desejam colher esses frutos em forma de estudos, lazer, viagens e, principalmente, relações. Por isso, em comparação com outras faixas de idade, são os mais propensos a aceitar uma perda salarial ou abrir mão de uma promoção.


Para atrair e manter estes jovens profissionais, um empregador precisa de ser flexível, respeitar os horários de trabalho e dar ouvidos às suas inquietações. Isso porque são pessoas criativas e dispostas a inovar, mas precisam de sentir que as suas ideias e necessidades são acolhidas.São imediatistas e têm dificuldade em manter o foco

Embora apresentem várias características positivas, os millennials têm como grande desafio manter a concentração em ações prioritárias e ter resiliência para colher resultados a médio e longo prazo.


Em função do grande volume de informações recebidas a todo momento, do desejo pelo sucesso rápido e da sensação constante de estar “a perder algo” ou “a ficar para trás”, a geração millennial é uma das mais ansiosas até então.São importantes para o mercado de trabalho. Os millennials estão a obrigar-nos a repensar a nossa relação com o trabalho e com o consumo.


Afinal, são pensadores livres, conectados, grandes consumidores e questionadores.Não serão estes pontos muitos favoráveis, os desta geração?

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