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Hiperactividade e Défice de Atenção – como intervir?

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A Perturbação de Hiperactividade e Défice de Atenção (PHDA) caracteriza-se por um padrão persistente de comportamentos de desatenção e/ou de hiperactividade e/ou impulsividade, que interfere com o funcionamento normal da criança (segundo o Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais, DSM-5).

A PHDA é uma Perturbação Neurodesenvolvimental. Apesar da sua causa ser desconhecida, vários estudos sugerem que a PHDA é o resultado de alterações a nível neuroquímico que, por sua vez, resultam nos comportamentos de desatenção e de hiperactividade/impulsividade.

 

Quer saber mais sobre os sintomas desta perturbação? Então leia o nosso artigo anterior: Hiperactividade e Défice de Atenção – quais os sintomas?

 

Como intervir? 

Em primeiro lugar, é importante que a criança seja correctamente diagnosticada por profissionais com treino neste tipo de perturbação. Sabe-se que os comportamentos de atenção podem ser causados por uma Perturbação de Ansiedade e que os comportamentos de hiperactividade/impulsividade podem ser o resultado de outras patologias, como o Hipertiroidismo. Assim, é essencial excluir estas hipóteses para conseguir intervir adequadamente de forma a melhorar o bem-estar da criança.

Depois de uma correcta avaliação é possível iniciar a intervenção. De seguida apresentamos algumas possibilidades de intervenção:

1) Um dos tratamentos possíveis para a hiperactividade envolve a prescrição de medicação por um médico, nomeadamente estimulantes, que vão actuar a nível cerebral (neurotransmissores), ajudando a limitar a impulsividade e a agitação da criança. Os tratamentos farmacológicos podem ser importantes nos casos mais graves.

2) Para além disso, é fundamental ensinar a criança a controlar sozinha os seus impulsos, o que é possível através do treino comportamental. Este treino pode ser feito num contexto psicoterapêutico, em que o psicólogo ensina à criança como se autorregular e acalmar, utilizando a sua energia e as suas capacidades de uma forma positiva. Deve também ser reforçado em casa e na escola pelos pais e professores. O treino comportamental envolve actividades como:

– Ajudar as crianças a ouvir melhor, dizendo uma coisa de cada vez;

– Ajudar as crianças a organizar o seu material em casa e na escola (brinquedos, roupas, cadernos livros, etc.), mantendo um ambiente calmo e tranquilo (com poucas distrações);

– Fazer pausas durante um teste ou uma avaliação e/ou realizá-las numa sala à parte de forma a diminuir as distrações;

– Fazer pausas durante uma aula, permitindo que a criança se movimente por alguns minutos;

– Ajudar a criança a desenvolver consciência e controlo do seu corpo e dos seus movimentos, através de actividades físicas como o yoga, a ginástica ou as artes marciais;

– Estabelecer regras e rotinas estruturadas e consistentes (com um calendário visível, especificando o que faz desde que se levanta até que se deita), ajudando a criança a ganhar, aos poucos, controlo sobre aquilo que faz e como o faz;

– Ensinar a criança a relaxar e a acalmar-se através de técnicas de respiração, contando uma história, ou ouvindo música, etc.;

– Encorajar e reforçar comportamentos positivos e ignorar (ou direccionar) comportamentos negativos.

3) Por fim, é importante criar condições para que a criança não desenvolva outros problemas associados à PHDA como problemas de relacionamento com pares, ou ansiedade e depressão. Para qualquer criança é essencial aprender a estar e a lidar com os seus sentimentos, a ser generosa e carinhosa consigo e com os outros à sua volta. É importante que as crianças se sintam valorizadas e amadas para, futuramente, serem adultos mentalmente saudáveis, que conseguem amar-se a si e aos outros. Em crianças diagnosticadas com PHDA que, devido ao seu comportamento, facilmente são punidas pelos pais e professores é ainda mais saliente a necessidade de criação de relações de carinho, encorajamento e apoio. As seguintes actividades podem iniciar-se num contexto psicoterapêutico e devem ser mantidos pelos pais e professores:

– Reconhecer que a criança se comporta desta forma porque não o consegue fazer de outra forma (não é culpa dela) – e transmitir esta ideia à criança;

– Ensinar à criança que com algum treino e esforço é possível controlar a sua desatenção e impulsividade;

– Dar amor, carinho e suporte;

– Explicar à criança o que é a PHDA, e como esta altera o seu comportamento;

– Ensinar a criança a expressar e a lidar com os seus sentimentos;

– Reforçar e encorajar a criança;

– Descobrir com a criança quais as suas qualidades e como pode usar a sua energia e as suas capacidades de uma forma positiva.

Não existe um só tratamento que seja claramente mais eficaz para ajudar uma criança com PHDA. O ideal será integrar vários tipos de tratamentos, ajudando-a na sua globalidade: a nível físico, mental e emocional. Para além disso, a intervenção deve ser planeada e estruturada de forma individual, respeitando as particularidades de cada criança. O que resulta com uma criança pode não resultar com outra.

Em suma, é possível ajudar crianças com PHDA a melhorar a sua atenção e a sua capacidade de autocontrolo. É possível educar crianças que se amam mesmo com as suas limitações e que acreditam que, com esforço, podem sempre melhorar-se e transformar-se.


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