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Foto do escritorIsabel Henriques

Tomar a pilula anticoncepcional é um factor de risco para potenciar a depressão?

Atualizado: 10 de mar. de 2022



Após várias partilhas de pacientes minhas durante as sessões de psicoterapia acerca de sintomatologia relacionada com humor e a tomada da pílula anticoncecional decidi fazer uma investigação bibliográfica.


A dúvida principal das minhas pacientes partilhada comigo é que a partir de algum momento após o inicio da tomada da pilula anticoncecional o seu humor sofre alterações. A questão que me colocam é a seguinte:

"Tomar a pilula anticoncepcional é um factor de risco para potenciar a depressão? - Porque sinto que desde que a comecei a tomar o meu humor sofreu alterações significativas!"


De acordo com uma pesquisa realizada, nos Estados Unidos, entre os efeitos colaterais da pílula está a mudança da estrutura física do cérebro e de algumas de suas funções. Os cientistas notaram que duas regiões específicas do cérebro, o córtex orbitofrontal lateral e o córtex cingulado posterior, tendiam a ser mais finos nas mulheres que tomavam a contracepção oral.


Essas duas regiões do cérebro desempenham um papel importante na saúde das pessoas, conforme explica a hematologista e hemoterapeuta Flavia Mantine, da Clínica N3 – Neurologia, Neurocirurgia e Neuropediatria. O córtex orbitofrontal lateral é responsável por regular as emoções e a resposta a recompensas. Inclusive, mudanças no córtex orbitofrontal lateral podem ser responsáveis pelo aumento da ansiedade e sintomas depressivos que algumas mulheres sentem quando começam a tomar a pílula. Já o córtex cingulado posterior está envolvido com o pensamento interior-dirigido. Essa parte está relacionada à memória e ao desenvolvimento de planos para o futuro.


Os investigadores dizem que apesar de preocupante, “era de se esperar” que a pílula provocasse efeitos negativos no cérebro, pois os hormônios sexuais, como o estrogênio, influenciam (e muito) no sistema nervoso da mulher.

Para muitas mulheres, o uso da pílula anticoncepcional faz parte da rotina. E, por causa disso, muitas dúvidas podem surgir a respeitos dos seus efeitos no corpo feminino, como alterações de humor e queda na libido.

Poderia colocar aqui uma extensa lista de contra indicações relativamente à tomada da pilula anticoncepcional, mas o facto é que estamos apenas a abordar o efeito desta com a saúde mental.

Resumindo, tudo o que li com a minha experiência clinica na saude mental ou que retiro de tudo isto é que tomar a pilula anticoncepcional é uma opção com fatores de risco elevados. Mas penso que todas as mulheres deveriam estar conscientes dos fatores negativos que tomar a pilula implica.


A relação entre ter uma vida regulada de uma forma saudável com e sem pilula anticoncepcional é uma opção viável que neste momento se pode ter devido às opções existentes.


Os dispositivos intra uterinos de cobre, preservativo masculino e espermicidas, para quem tenha este tipo de sintomatologia, poderão ser adoptados. Com estes não existe o risco de um hipotálamo reduzido o que pode estar associado ao aumento dos níveis de raiva e sintomas depressivos.


Deve haver uma maior consciencialização antes de escolher o método contraceptivo mais adequado, muitas mulheres enfrentam um dilema: a pílula anticoncepcional, embora seja o método mais prático, é também o que mais causa efeitos colaterais.


Com toda a certeza esta é uma conversa que precisa de mais argumentos. Portanto, se você experimentou (ou tem um histórico familiar de) ansiedade ou depressão, fale com o seu ginecologista. Você não está sozinha e pode encontrar as novas formas de contracepção!

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