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Foto do escritorMélisa Martins

A descoberta da adolescência

A adolescência é um período da nossa vida que é visto tanto como incrível como assustador. É uma fase repleta de questões, desafios, medos e, principalmente, de descobertas – de nós, dos outros e do funcionamento do mundo em geral.

É aqui que começam a surgir questões tão grandes que chegam a ser assustadoras – “Quem sou eu?”, “Para onde vou?”, “Será que os outros gostam de mim?”, “Será que estou a fazer o que é certo?”.

Estas dúvidas estão presentes na mente dos nossos adolescentes, mas também a mente dos pais está repleta de outras tantas preocupações: “O que se passa com o meu filho?”, “Como é que eu posso ajudá-lo?”, “Porque é que é que ele já não me procura para lhe dar tanto apoio?”, “Porque é que ele não me ouve e só me contraria?”, “Porque é que ele está sempre fechado no quarto dele?”.


Pois é, parece que está tudo a acontecer ao mesmo tempo e temos muitas perguntas e poucas respostas. Mas estou aqui para vos ajudar – a vocês adolescentes e aos pais.


Então vamos começar pelo início.




O que é a adolescência afinal de contas?


A adolescência é um período de transição entre a infância e a idade adulta. As características essenciais da adolescência emergem graças ao desenvolvimento natural e saudável do nosso cérebro. Durante este período (entre os 12 e os 24 anos!), a nossa mente sofre alterações no modo como pensamos, decidimos, raciocinamos e nos relacionamos com os outros. Porquê? Porque o nosso cérebro está numa explosão constante de aprendizagens. E pode ser desafiante ter de lidar com estas mudanças tão intensas.


Então isto quer dizer que o adolescente está a atuar de modo diferente e desafiador porque é uma fase de maturação cerebral e não, simplesmente, porque quer ou gosta de nos provocar? Sim, isso mesmo! Durante a nossa adolescência estamos a passar por um período onde o desafio, o risco, a criatividade, a intensidade emocional e a interação social são fulcrais. Estas alterações afetam o modo como procuramos a novidade, como nos conectamos com os nossos pares e porque sentimos as emoções de uma forma mais intensa e desafiamos os limites.

E curiosamente, muitos estudos têm vindo a mostrar que os conflitos entre pais/adolescentes são uma componente necessária no desenvolvimento do adolescente uma vez que facilitam o processo de individualização, criando assim um contexto em que os adolescentes podem afirmar a sua independência.

O que é que isto significa? Significa que uma quantidade saudável de conflitos permite aos pais e adolescentes alinhar as expectativas e facilitar a comunicação, desenvolver estratégias para a gestão de conflitos, realinhar e redefinir os laços familiares. Níveis moderados de conflitos entre pais e filhos foram também ligados a um melhor desenvolvimento do ego e auto-estima.


É importante percebermos que durante a adolescência temos uma janela de oportunidade para desenvolvermos comportamentos e aprendizagens positivas, isto é, é nesta fase que podemos estabelecer novos padrões comportamentais, sociais e emocionais.

O facto de o nosso cérebro estar a vibrar com um novo mundo de aprendizagens e pensamentos leva a que gradualmente sejamos capazes de tomar mais decisões e de assumirmos mais responsabilidades.



Então e como é que os pais podem ajudar?


Bem, temos que perceber que os nossos teenagers não estão simplesmente chateados ou contra nós, estão simplesmente a tentar descobrir quem eles são e do que são capazes de fazer. E, portanto, vamos ter que assumir um novo papel na vida deles. De estar presentes-ausentes. Contraditório? Estranho? Talvez, mas eu explico. O nosso papel enquanto pais e cuidadores de adolescentes é o de estimular a descoberta, a aprendizagem, mas conscientes de que eles muitas das vezes vão querer arriscar e dar um salto para o desconhecido sem nos terem por perto, mas isso não significa que eles não queiram o nosso suporte. Eles querem sentir que têm liberdade para experimentar, mas que caso as coisas corram menos bem, eles têm sempre a rede de segurança perto. Cabe-nos a nós ajudá-los a encarar estes novos desafios, potenciando as suas qualidades, oferecendo o nosso apoio e minimizarmos os riscos. Estamos (um bocadinho mais) longe da vista e perto do coração.

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