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Ser mãe e pai


As famílias monoparentais, apesar de comuns, atravessam desafios que as famílias nucleares, onde estão presentes o pai e a mãe, tendem a desconhecer. Neste artigo, vamos abordar algumas das particularidades de ser mãe e pai ao mesmo tempo, a tempo inteiro.

As famílias monoparentais podem ter diversas faces: protagonizadas por mães/pais solteiros (biológicos ou adotivos), viúvos e separados/divorciados, ou mesmo por uma avó ou avô responsável por educar e cuidar do seu neto(a).


A aventura de assumir o papel vitalício de mãe/pai pode ser árdua e, por vezes, assustadora ao ponto de surgirem questões como, “será que vou ser capaz de cuidar de outra pessoa?” ou “será que é mesmo isto que eu quero?”. Esta aventura complica-se quando apenas um elemento tem que integrar ambos os papéis - de mãe e pai - sem um espaço de distensão e partilha, e sem o suporte emocional necessário para a reorganização e integração desta nova fase da vida. Assim, aqui entra o primeiro e derradeiro desafio pelo qual um pai ou mãe solteira tem que passar - a impossibilidade de partilhar tarefas e de recorrer à complementaridade de papéis na educação dos filhos.


Para além disso, a ausência de um dos pais pode ser vivida pela criança ou adolescente como um sinal de diferença e de defeito relativamente aos seus pares. Em particular, na comemoração do dia do pai ou da mãe, ou na solicitação da presença de ambos os pais nas festas ou reuniões da escola promove este sentimento de inferioridade, fracasso ou da existência de um vazio impossível de preencher.


Apesar das particularidades pelas quais uma família monoparental pode passar, tal como qualquer outra forma de família, é possível ultrapassá-las com sucesso. Eis algumas dicas que poderão ajudar:

  1. Não há nada de errado com a sua família! Não se esqueça de se valorizar enquanto mãe ou pai que cuida, sozinha(o) da sua criança. Aprenda a redescobrir e a reestruturar a sua vida familiar, papéis a assumir e responsabilidades. Aproveite para abraçar as incertezas e desafios que vão surgir ao longo do caminho.

  2. É importante que não se isole e que não tenha vergonha de pedir ajuda. Lembre-se de que há sempre alguém com quem pode contar para partilhar as suas dificuldades. Ligue para as pessoas próximas de si, desde familiares e amigos, a vizinhos. Tire partido de grupos de suporte existentes na sua área de residência. Peça ajuda de um profissional de saúde mental, se necessário.

  3. Não se culpabilize. Como qualquer tipo de família composta por dois elementos, vai cometer erros. Não se esqueça de cultivar uma atitude autocompassiva pelo esforço e compromisso que faz todos os dias para aprender - assumir o papel de mãe/pai é uma maratona sem fim.

  4. Explore a conexão com o seu filho. Desfrute de cada momento juntos e promova tempo de qualidade. Mostre-se curiosa para descobrir quem é o seu filho, incluindo os seus interesses, gostos e experiências.

  5. Cuide de si. Reserve tempo para si e pratique atividades de mestria e prazer. Priorize a sua saúde física e mental - durma e coma bem, medite, exercite o seu corpo e faça psicoterapia. Procure estimular a sua vida social e conheça novas pessoas.

  6. Expresse as suas emoções. Estimule e normalize a expressão emocional no ambiente familiar de acordo com a faixa etária para o seu filho. Crie um ambiente seguro para partilhar dificuldades e ultrapassá-las em conjunto. Aposte na estimulação da inteligência emocional.

  7. Viva a sua vinculação. Desfrute da sua relação com o seu filho, sem que ponha em risco a autonomização deste. Criar uma base segura é importante para que ambos possam explorar o mundo e a individualidade, e que saibam que podem encontrar, um no outro, um porto de abrigo.


Fazer parte de uma nova família é uma jornada desafiante, que mesmo com os seus obstáculos, é deveras gratificante e recompensador. Não existe uma fórmula familiar perfeita e única, tudo gira em torno de amor e compromisso.


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