Para compreendermos famÃlias reconstituÃdas, primeiro precisamos de compreender o conceito de famÃlia. FamÃlia é um sistema, um conjunto de elementos ligados por um conjunto de relações. Estes sistemas estão conectados de forma hierárquica e organizada, possuem limites ou fronteiras que as diferenciam do seu meio. Será importante realçar que a famÃlia passa por um ciclo vital que envolve várias etapas, nomeadamente, a formação do casal, famÃlia com filhos pequenos, famÃlia com filhos na escola, famÃlia com filhos adolescentes e famÃlia com filhos adultos.
A famÃlia de origem é onde crescemos e morremos, contudo ao longo do desenvolvimento podemos ter mais que uma famÃlia. Ao longo dos anos, novas configurações familiares têm nascido, tais como as famÃlias monoparentais, adotivas, homossexuais, comunitárias e reconstituÃdas.
Aqui, vamos focar nas famÃlias reconstituÃdas e nos desafios que elas enfrentam.
Muitas vezes, quando duas pessoas dissolvem um casamento, isso muda drasticamente não só as suas vidas, mas também as vidas dos seus filhos. Os filhos de pais divorciados passam pela sua própria jornada emocional à medida que se adaptam à sua nova realidade. Quando um dos progenitores volta a casar, cria-se uma nova dinâmica para todos, especialmente quando há outros filhos envolvidos.
Quando duas pessoas que têm um ou mais filhos de uma relação anterior se casam, criam uma nova unidade familiar. É o que se designa por famÃlia reconstituÃda. Embora estas não sejam novas ou invulgares, têm o seu próprio conjunto de desafios. Para lidar melhor com estes desafios e criar uma famÃlia bem sucedida e coesa, é fundamental estabelecer uma comunicação saudável e com foco no ajuste das crianças à nova realidade familiar.
Para que as famÃlias reconstituÃdas funcionem é necessária paciência, humildade e desenvolvimento de competências:
Paciência - Em primeiro lugar, ajuda a desenvolver uma apreciação pelo facto de que a construção de relações entre um padrasto e os filhos do seu cônjuge leva tempo. Não existe um sentimento instantâneo de famÃlia com um padrasto ou madrasta.
Humildade - Ambos os cônjuges precisam de desvendar os fracassos anteriores da relação e apreciar cuidadosamente as suas vulnerabilidades.
Adotar novas competências - O casal terá de desenvolver competências práticas de comunicação e a gerir a transição para se tornar uma famÃlia funcional.
Tentar fazer de uma famÃlia reconstituÃda uma réplica da sua primeira famÃlia, ou da famÃlia nuclear ideal, pode muitas vezes levar os membros da famÃlia à confusão, frustração e desilusão. Em vez disso, aceite as diferenças e considere os elementos básicos que fazem uma famÃlia reconstituÃda bem sucedida:
Não espere apaixonar-se pelos filhos do seu parceiro de um dia para o outro, e vice-versa. Conheça-os. O amor e o afeto levam tempo a desenvolver-se.
Encontre formas de viverem juntos a "vida real". Tente habituar as crianças ao seu parceiro e aos filhos dele em situações da vida quotidiana.
Faça mudanças na educação dos filhos antes de se casar. Chegue a acordo com o seu novo parceiro sobre a forma como pretendem ser pais em conjunto e, de seguida, façam os ajustes necessários aos vossos estilos parentais antes de voltarem a casar. A transição será mais suave desta forma.
Insista no respeito. Não pode insistir para que as pessoas gostem umas das outras, mas pode insistir para que se tratem com respeito.
Limite as suas expectativas. Pode dar muito tempo, energia, amor e afeto aos filhos do seu novo parceiro que eles não retribuirão imediatamente. Pense nisso como se estivesse a fazer pequenos investimentos.
Não se esqueça que como pai e adulto, cabe-lhe a si comunicar abertamente com as crianças, satisfazer as suas necessidades de segurança e dar-lhes tempo suficiente para fazerem uma transição bem sucedida.
O mais importante passa por ser realista e compassivo - dê tempo a si, e a todos os membros da famÃlia para se adaptarem a esta nova fase. Afinal de contas, esta famÃlia é nova para todos!